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Foto do escritorErica Christieh

O meio literário se tornou um caos


14 anos escrevendo livros me ensinou muitas lições sobre a literatura e quem trabalha nela, de modo que eu jamais me esquecerei.

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Todas as profissões carregam seus dilemas e dificuldades, não seria diferente com o meio literário ou seria? Afinal, estamos lidando com pessoas com diferentes personalidades, ideias e características e isso resultará naturalmente em discordâncias e opiniões diferentes.


Seria bom que fosse apenas isso, intrigas no ambiente de trabalho, mas o meio literário costuma ser sombrio e cruel e, se você não se proteger dele, o meio o devorará.


Quando comecei a assistir às primeiras tretas literárias, já havia publicado meu primeiro livro. Eu era fascinada naquele mundo da escrita, a paixão em criar histórias pulsava dentro de mim. Tudo era fascinante, mágico e encantador, até eu presenciar o quanto cruel os escritores poderiam ser.


Eu queria estar aqui escrevendo coisas boas sobre a profissão que escolhi para minha vida, porque apesar de todo o mal, existem escritores realmente bons no meio dessa sujeirada toda, mas eu não consigo ser como a maioria deles, pacífico com o mal, empurrar tudo para debaixo do tapete e fingir que nada está de fato acontecendo.


Quando me refiro à literatura, estou falando de escritores de ficção, não colocarei todos os escritores no mesmo balaio, porque sei que existe muita gente boa, de caráter, que tudo o que desejam é escrever e mostrar ao mundo o seu talento, sem prejudicar ninguém.


Escrevo isso como um alerta, porque durante minha jornada de longos quatorze anos, assisti escritores fantásticos, talentosos e sonhadores desistirem da carreira por acusações, perseguições, calúnias dessa gente. Eu quase fui mais uma vítima deles. Não quero que mais ninguém sofra nas mãos dos maus feitores.


Existe a lenda da máfia da Amazon e, se você nunca escutou falar dela, certamente está percorrendo um bom caminho. A lenda conta que escritores vaidosos pelo sucesso e pelo dinheiro juntam seus leitores mais fiéis e planejam um massacre ao céu aberto. Listas de boicote, acusações de plágio, cancelamentos, tudo isso para que escritores que não fazem parte da bolha literária despenquem como uma estrela-cadente.


Alguns anos atrás, tive acesso a esses grupos e uma das listas negras chegou às minhas mãos. Aquilo era horrível. Não era só uma lenda. Era real e causava calafrios. Como alguém poderia gastar tanta energia e vitalidade para prejudicar o outro? A troca de quê? A troca do sucesso. Havia escritores pagando fortunas para estar no topo da Amazon e quem ousasse chegar perto deles era derrubado sem dor nem piedade.


Fico muito triste em relatar tudo isso, amigos escritores, porque ser escritor no Brasil já é uma tarefa bastante árdua, difícil mesmo e quando achamos que podemos encontrar um lugar onde teremos a oportunidade de lançar um livro, encontramos o lugar dominado por pessoas ruins, que acreditam que ninguém além delas merecem o sucesso.


Deveríamos ser unidos, afinal, antes de escritores, somos leitores e poderíamos facilmente ler e indicar livros de colegas, formando assim uma corrente de amor em torno da literatura. Poderíamos mudar o cenário, incentivando cada vez mais a leitura em nosso país, com bons exemplos, com união. Mas não espere isso do meio literário.


Conforme os anos iam passando, as coisas pareciam piorar. Era difícil não poder confiar em ninguém. Sob circunstâncias comuns, o termo desisti se tornou um mantra e eu parei de escrever, como se alguém tivesse arrancado de mim toda a energia e amor que eu tinha pelos livros. Me afastei de tudo o que envolvia a literatura. Deixei de seguir escritores, páginas, perfis. Não li mais livros nacionais e passei a ter dificuldade em me relacionar com quem exercia o mesmo talento que eu.


Se eu não tivesse visto o ódio daquela gente, ameaçando outros escritores de morte porque eles simplesmente resolveram escrever o que eles não concordavam, se eu não tivesse visto o massacre de reputações porque o escritor ousou dizer que não gostava de tal gênero. Se eu não tivesse visto acusações de plágio para derrubar um escritor que fazia sucesso na Amazon, talvez eu não tivesse parado.


Em 2022, quando eu finalmente voltei feliz da vida porque seria remunerada escrevendo meus romances, presenciei o mau-caratismo dessa gente logo de cara. Os escritores burlavam a Fizzo, ganhando muito dinheiro enquanto enganavam seus idealizadores. O tal jeitinho brasileiro entrou em ação e a Fizzo fechou as portas em dezembro de 2022 devido a escritores golpistas.


Destruíram sonhos de outros escritores que trabalhavam corretamente, por ganância e egoísmo. A Fizzo acendeu a esperança nos nossos corações de que era possível ganhar bem escrevendo romances, mas a plataforma foi fraca na fiscalização e não inibiu essa gente de estragar tudo.


Hoje, depois de quase dois anos que voltei a escrever, aprendi duras lições sobre a profissão que escolhi amar. Nem todos os escritores são iguais, há muita gente boa, talentosa, disposta a ajudar você a alcançar o seu lugar ao sol. Mas infelizmente somos a minoria.


A máfia da Amazon continua solta. Os vaidosos continuam vivendo em pró de destruir o próximo, se juntando como uma gangue para aniquilar qualquer um que ouse brilhar mais do que eles.


Hoje, o meio literário parece pior do que antes. Os escritores se agarram à Amazon como se ela fosse a única capaz de realizar o seu tão desejado sonho de conseguir ser um escritor lido e famoso. Muitos entram em uma profunda tristeza, sem ânimo, se perguntando se um dia esse triste cenário poderá mudar. Eles mal conseguem vender, mal conseguem ser vistos, enquanto um grupo pequeno consegue ganhar a vida vendendo livros na Amazon.


Mas há esperança para esse caos. Nem tudo está perdido. É literalmente verdade que você pode alcançar o sucesso melhor e mais rápido se auxiliar os outros a vencer também (Napoleon hill).


Há dois anos, eu encontrei um grupo de escritores que me ensinaram tudo o que sei e que me colocaram nas melhores plataformas de leitura. Reconstruir minha carreira de escritora, colocando meu nome entre os escritores mais lidos dessas plataformas na língua portuguesa, inglesa e espanhola.

Hoje, ajudo outros escritores a terem o mesmo sucesso que eu. Ensinando o que aprendi, mostrando-lhes outros caminhos, outras oportunidades. Acendendo a esperança em seus corações. Precisamos ser honestos uns com os outros e trabalhar com seriedade sem querer destruir ninguém.

O mundo logo esquece os destruidores. Recuse-se a desperdiçar suas energias devolvendo os ataques àqueles que o ofendem (Napoleon hill).


Acredite em mim, o meio literário continuará um caos, mas fora dele há pessoas incríveis dispostas a fazer a diferença na literatura brasileira e é neles que devemos nos agarrar.

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